O
tornado que assolou os concelhos de Lagoa e de Silves, no passado dia
16 do corrente, foi aproveitado pela Companhia de Seguros Fidelidade
para apresentar serviço e, de caminho, mostrar como um situação
dramática para uns, pode ser uma excelente oportunidade para outros
fazerem uma campanha de promoção.
Foi
assim que, logo no dia seguinte, sábado 17, os jornais de maior
circulação publicaram um anúncio de página inteira, onde a
Fidelidade anunciava que tinha já enviado peritos para, in-loco,
avaliarem os prejuízos causados aos seus segurados por aquele
fenómeno da natureza, de forma a poder ressarci-los dos prejuízos
no mais curto prazo. Ao mesmo tempo, comunicava que os seus
escritórios na mesma região estariam a funcionar durante todo o fim
de semana.
Os
noticiários on-line dos jornais de segunda-feira, 19,
informavam que a referida seguradora começara já a pagar aos
segurados os valores devidos pelos danos sofridos.
Mostrando
serviço, os assessores de comunicação da Fidelidade estiveram à
altura das exigências, revelando merecer cada euro que a companhia
lhes paga. E a imagem da seguradora saiu reforçada aos olhos do
grande público, por comparação com a concorrência.
A
história muda, porém, de figura quando as situações ocorrem longe
dos holofotes.
Acontece
que, no mesmo dia do tornado, ao fim da tarde, uma segurada da mesma
Fidelidade, residente em Rio de Mouro, concelho de Sintra, viu a sua
moradia inundada pela água que, em consequência da chuva intensa
que caiu naquela localidade, entrou pela porta das traseiras e inundou a
cozinha, a sala e dois quartos, causando prejuízos que a referida
segurada avaliou, com base no custo dos bens danificados, em cerca de
€ 5.500,00.
Feita
a participação do sinistro à seguradora, na manhã de
segunda-feira, 19, foi-lhe comunicado que um perito se deslocaria à
sua residência na quarta-feira seguinte, o que veio a acontecer.
Porém,
longe das atenções da comunicação social que dá relevo às
“boas acções”, o perito avaliou os prejuízos num valor
inferior a € 2.100,00. Discordando, a segurada recusou-se a assinar
a peritagem, ficando a aguardar um contacto que, conforme informação
do perito, a Fidelidade faria mais tarde.
No
entanto, até hoje, apenas obteve uma informação do seu agente de
seguros: o perito ainda não tinha entregue o relatório da peritagem
na última segunda-feira, 26.
Este
é um caso em que a pressa não compensa a companhia. A segurada pode
esperar. Entretanto, as carpetes, já a cheirar mal, continuam na
garagem à espera da decisão da Fidelidade. E talvez da
disponibilidade do perito para entregar o relatório.
Não
é por acaso que as seguradoras têm uma cotação fortemente
negativa na generalidade da opinião pública.