28 novembro 2012

Dois pesos e duas medidas


O tornado que assolou os concelhos de Lagoa e de Silves, no passado dia 16 do corrente, foi aproveitado pela Companhia de Seguros Fidelidade para apresentar serviço e, de caminho, mostrar como um situação dramática para uns, pode ser uma excelente oportunidade para outros fazerem uma campanha de promoção.

Foi assim que, logo no dia seguinte, sábado 17, os jornais de maior circulação publicaram um anúncio de página inteira, onde a Fidelidade anunciava que tinha já enviado peritos para, in-loco, avaliarem os prejuízos causados aos seus segurados por aquele fenómeno da natureza, de forma a poder ressarci-los dos prejuízos no mais curto prazo. Ao mesmo tempo, comunicava que os seus escritórios na mesma região estariam a funcionar durante todo o fim de semana.

Os noticiários on-line dos jornais de segunda-feira, 19, informavam que a referida seguradora começara já a pagar aos segurados os valores devidos pelos danos sofridos.

Mostrando serviço, os assessores de comunicação da Fidelidade estiveram à altura das exigências, revelando merecer cada euro que a companhia lhes paga. E a imagem da seguradora saiu reforçada aos olhos do grande público, por comparação com a concorrência.

A história muda, porém, de figura quando as situações ocorrem longe dos holofotes.

Acontece que, no mesmo dia do tornado, ao fim da tarde, uma segurada da mesma Fidelidade, residente em Rio de Mouro, concelho de Sintra, viu a sua moradia inundada pela água que, em consequência da chuva intensa que caiu naquela localidade, entrou pela porta das traseiras e inundou a cozinha, a sala e dois quartos, causando prejuízos que a referida segurada avaliou, com base no custo dos bens danificados, em cerca de € 5.500,00.

Feita a participação do sinistro à seguradora, na manhã de segunda-feira, 19, foi-lhe comunicado que um perito se deslocaria à sua residência na quarta-feira seguinte, o que veio a acontecer.

Porém, longe das atenções da comunicação social que dá relevo às “boas acções”, o perito avaliou os prejuízos num valor inferior a € 2.100,00. Discordando, a segurada recusou-se a assinar a peritagem, ficando a aguardar um contacto que, conforme informação do perito, a Fidelidade faria mais tarde.

No entanto, até hoje, apenas obteve uma informação do seu agente de seguros: o perito ainda não tinha entregue o relatório da peritagem na última segunda-feira, 26.

Este é um caso em que a pressa não compensa a companhia. A segurada pode esperar. Entretanto, as carpetes, já a cheirar mal, continuam na garagem à espera da decisão da Fidelidade. E talvez da disponibilidade do perito para entregar o relatório.

Não é por acaso que as seguradoras têm uma cotação fortemente negativa na generalidade da opinião pública.

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