(Clicar nas fotos para aumentar)
Quer
esta fotografia, quer a que podem ver mais abaixo, mostram um terreno
situado entre a Rua de Olivença e a Rua Rodrigues de Freitas, em
Algés, que foi expropriado há algumas dezenas de anos, pela Câmara
Municipal de Oeiras, a fim de construir um jardim público.
O
jardim foi realmente construído e, durante vários anos, a Câmara
ocupou-se da sua manutenção. Entretanto, por razões que hoje
parece ninguém saber explicar, a autarquia deixou o espaço
praticamente ao abandono – restando apenas as árvores, que
cresceram desordenadamente – limitando-se de longe em longe a
mandar uma equipa para fazer a limpeza do terreno, normalmente depois
de um dos vizinhos reclamar pelo avolumar do lixo.
Em
todo o caso, o acesso ao espaço – público, importa salientar –
manteve-se livre a partir da Rua de Olivença, quer através de
escadas situadas à esquerda da fotografia (mas não visíveis), quer
pelo “um túnel” que fica por baixo dos prédios (que os
frondosos ramos não deixam ver).
Debaixo da árvore são visíveis dois grelhadores, colocados (abusivamente, suponho) pelo cidadão citado neste texto
Todavia,
numa data que não consigo determinar, um morador do prédio que a
fotografia acima mostra, decidiu fazer uma horta no terreno, pequena
de início, mas que foi aumentando, de ano para ano.
Mais
tarde, suponho que à revelia dos serviços da autarquia, porque não
vejo que base legal poderia ser invocada para o efeito, instalou um
portão nas escadas, impedindo o acesso ao terreno.
O portão que impede o acesso pelas escadas
Logo
nessa altura, um dos familiares da anterior proprietária do terreno,
alertou os serviços camarários para a situação irregular, que se
assemelhava ao primeiro passo de uma tentativa de tomada de posse,
ilegal, de um espaço público. De nada valeu o alerta, porque os
responsáveis nada fizeram. Se estou bem informado, nem resposta
deram.
Mais
recentemente, o referido morador, proprietário de um pequeno
estabelecimento comercial, na Rua de Olivença, à entrada do túnel
já mencionado, decidiu reconvertê-lo numa espécie de café – que
denominou Casa Económica – e, de caminho, resolveu interditar
definitivamente o acesso ao espaço a que me venho referindo,
mandando colocar um gradeamento a toda a largura do túnel, com um
portão que dá acesso ao café, bem como a uma esplanada que ali
instalou.
Os
serviços municipais não podem alegar desconhecimento da situação
porque, já depois de o acesso ao terreno ter sido totalmente vedado,
nos termos acima descritos, a autarquia mandou uma equipa para fazer
nova limpeza do espaço, que, não se espantem, parece ter tido a
colaboração activa do “novo dono”.
O gradeamento que veda o acesso pelo "túnel"
Escrevo
“novo dono”, porque se o que se está a passar perante a, pelo
menos aparente, indiferença de quem devia zelar pela “coisa
pública”, não é uma tomada de posse, que quem sabe, daqui por algum
tempo, dando os passos certos não acabará em propriedade plena,
utilizando a figura legal tão usada e abusada por esse país fora
denominada “posse por usucapião”.
Como
reagirá a autarquia se os herdeiros da anterior proprietária
decidirem iniciar um processo legal para reaver a propriedade,
expropriada com uma finalidade expressa, e agora abandonada pelo
Município, e utilizada para outros fins que não os inicialmente
invocados?
2 comentários:
Caro Amigo C Serra:
Será que o homem é do mesmo "clube" político dos autarcas?
É que "eles" não podem desiludir as respectivas clientelas!
Um abraço
J Silva Pereira
Caro Silva Pereira,
Não faço a menor ideia se existe alguma afinidade "clubística".
Em boa verdade, suponho que o que há é uma grande inércia (e vontade de não se "chatearem") por parte dos Departamento de parques e jardins da autarquia.
Numa reunião com um dos familiares da antiga proprietária, o responsável por esta área disse-lhe que nem sabia que aquele terreno pertencia ao Município, quanto mais que tinha sido um jardim.
Isto, apesar de o serviço a que superintende mandar limpar aquele espaço de vez em quando, como refiro no texto.
E lá volto, à velha sabedoria do povo angolano: "Fazer mais o quê (com gente desta)"?
Um abraço, com o meu agradecimento pelo seu comentário.
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