29 julho 2005

Poluição eleitoral


Talvez porque choveu anteontem, apareceram ontem os primeiros cogumelos - perdão, cartazes eleitorais - em Altura.


Os autores da proeza são os candidatos do Partido Socialista à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia. Esperemos que a propaganda destes e dos restantes candidatos, que por certo não tardarão a invadir tudo quanto é rotunda ou cruzamento, seja retirada sem demora, logo a seguir às eleições.


Esta retirada deve incluir os cartazes, as armações que os suportam e a reparação dos buracos nos passeios.


A este propósito gostaria desde já de deixar aqui a minha primeira declaração de voto.


Votarei no(a) candidato(a) que garantir que:


A recolha do lixo será feita ao menos três vezes por semana durante a época baixa e todos os dias na época alta (e que os funcionários recolherão os resíduos de todos os contentores, independentemente da quantidade que tiverem - já assisti à passagem de um carro de recolha, em que um dos funcionários saltou, abriu a tampa do contentor, fechou e seguiu, deixando meia dúzia de sacos sem os recolher. Achou provavelmente que a quantidade não justificava o trabalho);



Os passeios de Altura serão limpos de ervas daninhas durante todo o ano, e não apenas em Julho para benefício dos veraneantes de Agosto (mês em que param por cá alguns políticos);

Esta passagem esteve assim até há três dias. Entretanto já foi limpa (e há equipas de pessoal a limpar aceleradamente os outros passeios - Agosto está aí)


Os cantoneiros procederão à eficiente limpeza das caldeiras das árvores, deixando-as livres de montes de folhas secas, embalagens de iogurtes e sumos, etc. (nestes casos, consequência da falta de educação dos "passantes";



Não repetirá erros do passado em que foram autorizadas (ou pelo menos consentidas) construções que obrigam os peões a circular na faixa destinada às viaturas;


Ainda que pareça incrível esta varanda está a menos de um metro do chão e ocupa toda a largura do passeio


Tomará providências para que cafés e restaurantes instalem as suas esplanadas de forma a deixarem espaço nos passeios, evitando que, também aqui, os peões tenham de circular em competição com as viaturas;



Não se esgotam aqui, e agora, as condições que ponho aos candidatos para obterem o meu voto, mas não quero tornar este post demasiado longo. Voltarei ao assunto noutro dia.



27 julho 2005

Efeméride


Faz hoje um ano que os serviços da Câmara Municipal de Castro Marim efectuaram a remoção de quatro rampas de acesso aos logradouros de outras tantas moradias, numa pequena urbanização, em Altura.

Verificando que se tratava de um acto isolado, três dos proprietários atingidos com esta acção, contactaram a Câmara para conhecer as razões de tão insólita medida (insólita, porque existindo em toda a freguesia centenas de casos semelhantes, só estas foram objecto de intervenção).

O outro morador disse-me que não se queixou por receio de represálias (este, como parece evidente, parece desconhecer que vivemos num regime democrático, que os nossos eleitos são pessoas de bem, e que jamais desceriam a esse nível).

Dos três citados, dois pediram explicações de viva voz, tendo recebido diferentes informações. A um deles terá sido dito que a rua onde se situavam passara a ter muito trânsito, depois de ter sido estabelecida ligação com a Rua D. Dinis, pelo que as rampas eram um perigo para os automobilistas, e que alguns já se teriam queixado. Ao outro morador, a informação foi ainda menos convincente: as rampas impediam a varredora mecânica de fazer um trabalho eficaz, porque tinha que se desviar (como será que faz com os automóveis estacionados?).

(Qualquer das teorias é absurda, se se souber, por um lado, que as rampas ocupavam entre quinze e vinte centímetros da rua e apenas de um dos lados; por outro, que há rampas bem mais largas noutros arruamentos, como na referida Rua D. Dinis, onde a intensidade de tráfego é incomparavelmente superior, e onde se mantêm rampas idênticas, ou no acesso à Piscina Municipal.)

O terceiro a reclamar fê-lo através de correio electrónico. Primeiro, para o endereço do Presidente da Câmara; não tendo obtido qualquer resposta, resolveu reenviar a reclamação, desta vez para o endereço do Secretariado da Câmara.

O resultado foi o mesmo: o silêncio absoluto. Compreende-se: como se explica o inexplicável?

No entanto, algo me diz que esta falta de respeito pelos eleitores, por parte de quem foi eleito para os servir e, sobretudo, com o dever de os respeitar, não vai ficar esquecido.

Quem sabe se não volta à actualidade durante a próxima campanha para as eleições autárquicas?

Transcrevo a seguir, em itálico, o teor da mensagem electrónica, a que tive acesso, e que por si mesma se explica, retirando, por minha opção, a identificação do seu autor.



Citação:

A lei deve ser como a morte: não exceptuar ninguém”, diz um provérbio popular


Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim

Permita-me que tome algum do seu tempo para expor o seguinte:

Os Serviços da Câmara a que V. Exa. preside procederam, na passada terça-feira, 27 de Julho, à remoção de quatro pequenas rampas de cimento, localizadas na rua sem designação toponímica que serve a Urbanização Urbigião, na freguesia de Altura, destinadas a facilitar o acesso de viaturas. De um ponto de vista meramente formal, não tenho nada a objectar quanto ao referido procedimento, visto estarem as rampas em situação irregular, sendo certo que foram construídas antes de os proprietários procederem à aquisição das respectivas propriedades. Aliás, alguns só agora tiveram conhecimento da irregularidade da situação.

De resto, a existência generalizada de rampas semelhantes, constitui uma evidência aparentemente tolerada em toda a área do Concelho e, principalmente, na freguesia de Altura, que é o que de momento importa.


De facto, desde há muitos anos que abundam as rampas de acesso a logradouros nas mais diversas urbanizações que vêm sendo construídas – ou mesmo no núcleo “histórico” da freguesia –, sem que tenham, até ao momento em que lhe escrevo, sido alvo de qualquer intervenção camarária. E é aqui que reside a nossa (dos moradores afectados, e não só) estupefacção, perante o que parece ser um acto isolado e selectivo.

O primado da lei diz que esta deve ser geral e abstracta, pelo que todos a ela estão sujeitos, obrigados a cumpri-la e a fazê-la cumprir. Não há cidadãos isentos, sob pena de a sua administração se tornar iníqua. Ou, se preferir, e usando uma expressão popular, “ou há moralidade ou comem todos”. É justamente por isso que lhe escrevo. Não por ter sido feita cumprir a lei no que se refere à anteriormente mencionada Urbanização, mas porque, ao retirar aquelas rampas, os Serviços o fizeram de forma dirigida e discriminatória, “alvejando” uma “micro-minoria”, e deixando impunes todos os restantes prevaricadores, atendendo a que a acção de remoção das rampas não teve continuação; começou e acabou numa única rua: aquela onde resido. E não há justiça quando ela se confunde com arbitrariedade. Isto é, neste caso uns “comem” e os outros “pagam”. Falta ver aqui onde fica a moralidade.

A questão é: por quê remover quatro rampas num universo de algumas centenas (a maior parte ocupando mais espaço da faixa de rodagem)? Por que razão os trabalhos de asfaltagem das ruas – agora interrompidos –, que por certo foram acompanhados por responsáveis da autarquia, tiveram em conta as rampas existentes, não as destruindo? Aliás, em pelo menos um caso, foi até construida, de novo, uma rampa totalmente feita de asfalto. Se for assim já vale?
Não pretendo com esta mensagem instigar a retirada de outras rampas. De nada me serve o mal dos outros. Mas gostaria de saber que desígnio terá levado os Serviços da Câmara a fixarem-se nas nossas insignificantes quatro rampas, e nunca terem visto, por exemplo (e é mesmo só um exemplo), os tubos de saída de águas com detergentes que, há anos, uma unidade hoteleira escoa directamente para uma das principais ruas da freguesia e que, recentemente, foram disfarçados com um murete de resguardo. Ou de demorarem a reconstrução de um passeio desta mesma Urbanização, onde foi aberto um buraco para reparação de uma rotura na canalização da água, há mais de um ano. Desde então, continua um monte de terra e pedras soltas, à espera. Ou…Ou….

Durante estes dias tirei algumas dezenas de fotografias comprovativas das irregularidades que citei, e de outras que não menciono para não tornar fastidioso este já extenso texto. Envio algumas em anexo, e tomo a liberdade de lhe enviar outras em separado, para não “carregar” demasiado esta mensagem.

Quero agradecer antecipadamente a atenção que teve ao ler este desabafo, e ficarei igualmente grato se tiver a amabilidade de instruir o Serviço competente, no sentido de me serem dadas as explicações que houver por convenientes relativamente à medida de excepção que resolveram tomar.

Entretanto, aceite os meus melhores cumprimentos.

Fim de citação


Termino, imitando Fernando Pessa: "E esta, hein?!!!"

26 julho 2005

De boas intenções...


Quando a conheci - já lá vão uns bons anitos - Altura era uma pequena povoação, cujas casa se agrupavam de um lado e de outro da Rua da Alagoa (é a rua que desce, mais ou menos perpendicularmente, desde a EN 125, em direcção ao mar). Mesmo no Verão, não havia qualquer problema de trânsito.

Com o aumento de veraneantes, decidiu a autarquia, e bem, que entre 15 de Junho e 15 de Setembro o trânsito se faça em sentido único, para evitar autênticas bagunças. Não era raro que entre automóveis estacionados à vontade do dono e os dois sentidos de trânsito, às tantas não se andava para lado nenhum.

Porém, como mostram as fotos que se seguem, o comodismo humano pode mais que as boas e rectas intenções.




O ligeiro ainda passou

Lá teve o Alisuper que ficar à espera do reabastecimento

Depois de localizarem a condutora, na drogaria em frente, ela reincidiu. O carro ficou a estorvar na outra rua; tinha que ficar era perto dela.

E por falar em drogaria. Trata-se de uma loja que vende quase tudo. O passeio em frente costuma ter este aspecto. O automóvel é que varia.

Se houvesse policiamento...


...ao menos no Verão, algumas das imagens que aqui tenho colocado não existiriam.

Sucede que a GNR passa de vez em quando pelos eixos principais - Av. 24 de Junho e Rua da Alagoa -, ou estaciona à noite na zona mais concorrida, onde está situada a maioria dos cafés e restaurantes e as zonas habitacionais ficam entregues à sua sorte.

Enquanto os pais, ao anoitecer, fazem os seus churrascos de entrecosto e entremeada, ou grelham as ferreiras e os sargos, os mais jovens invadem as ruas nas suas bicicletas de montanha, sem qualquer espécie de iluminação. Depois do jantar, são acompanhados por alguns adultos. É um milagre que não tenha acontecido, ainda, um acidente grave, porque, se as urbanizações modernas foram dotadas de uma eficaz iluminação pública, as menos recentes, que também são as maiores - Bela Praia, por exemplo, com mais de 400 moradias - estão mal iluminadas.

Como é frequente os peões circularem na faixa de rodagem (não esqueçam que os passeios são para estacionamento) têm que fazer, às vezes, autênticas chicuelinas para não serem atropelados.

Uma acção pedagógica das autoridades contribuiria por certo para minorar o problema.



Este entardecer é para não se queixarem que o post está árido.

25 julho 2005

Pausa

Hoje dou uma trégua ao que está errado por estes lados, e trago algumas fotografias de coisas bonitas.


O anoitecer num dia de Primavera.


As dunas floridas

Barcos espanhóis arrastam a pouca distância da praia

A praia de Altura. O edifício que parece um antigo silo da EPAC, e que destoa na paisagem, é o Eurotel Altura, construido na década de 70 do século passado. Com as preocupações actuais, não seria autorizada a sua construção, hoje (isto penso eu, mas não querem fazer um aldeamento na Ilha de Tavira?!!!!)

E, para terminar, ainda a partir de Altura, uma vista da Manta Rota, ao fundo.

24 julho 2005

Ainda a falta de civismo

A maior parte das residências de Altura é constituída por urbanizações, onde pontificam pequenas moradias, quase todas com espaços ajardinados. Como é natural, para manter esses espaços cuidados, é preciso aparar a relva, cortar ramos de árvores – as palmeiras abundam – aparar sebes, etc.

À excepção dos espaços verdes geridos pela autarquia, ou dos casos (raros) em que os proprietários entregam a manutenção a pequenas empresas, que recolhem e acondicionam o lixo dos jardins e o transportam para os locais adequados,




a generalidade dos resíduos verdes é depositado nos contentores destinados ao lixo doméstico ou, se lá não couber, deixado, às vezes por mais de duas semanas, no passeio, ou mesmo no espaço destinado ao estacionamento, como no caso desta foto, em que os ramos ficaram tanto tempo que já estavam secos.




Neste caso particular, não teria sido difícil identificar os autores do “crime”.



Depois, temos os empresários de construção civil que, acabada a obra, deixam a pedra que sobrou amontoada na via pública. Neste caso, as obras acabaram há tanto tempo, que as casas já estão habitadas. Também aqui seria fácil identificar o autor. Mas somos todos bons rapazes,


Finalmente, a velha pecha nacional: faz-se um buraco no passeio, tapa-se com um bocado de terra,

e as pedras ficam amontoadas, à espera de melhores dias.



E por hoje é tudo. Afinal, até Deus descansou no sétimo dia. Ainda por cima estou a fazer isto pela segunda vez, porque quando acabei, da primeira, carreguei onde não devia e foi tudo parar a um buraco sem fundo.



Falta de civismo

No post anterior há alguma dose de injustiça ao atribuir aos trabalhadores da autarquia a responsabilidade exclusiva do que está mal. Muitos residentes - permanentes ou temporários -contribuem com a sua quota-parte de maus hábitos.

A situação piora nos meses de Verão. A maior parte dos veraneantes parece achar que ao alugar a casa de férias durante duas semanas, tem impunidade para fazer tudo.

Os dejectos dos cães e o estacionamento anárquico - embora todas as moradias tenham garagem ou espaço privado para estacionar - pululam.
















Agora vejam como se estaciona.















Ou ainda, os que querem deixar os carros debaixo das janelas, em zona de peões, embora tenham espaço para estacionar a poucas dezenas de metros.















É tudo uma questão de educação. Ou de falta dela.

À maneira de prólogo

Comprei há algum tempo uma casa em Altura e, durante um dos meus passeios, lembrei-me que talvez fosse interessante criar um blogue, onde os meus amigos - e um ou outro ocasional e despassarado visitante - pudessem conhecer algumas particularidades através das fotografias que vou tirando.

Procurarei descrever a realidade que as fotos documentam, de forma tão sucinta quanto a minha "arte" o permitir, fiel ao princípio de que uma imagen vale por mil palavras.

Altura é a mais pequena e jovem freguesia do concelho de Castro Marim (foi criada em 1993), o que não impede que tenha o maior número de habitantes, à excepção da sede do concelho. De acordo com o censo de 2001 tinha 1920 residentes, número que no Verão aumenta muito. Atrever-me-ia a afirmar que na primeira quinzena de Agosto estarão em Altura entre oito a dez mil veraneantes.

É um lugar agradável para se viver durante dez meses - de Setembro a Junho -, mas que poderia ser melhor com um pouco mais de atenção por parte dos que executam as deliberações dos autarcas que, por vezes, parecem não se dar conta de coisas simples de resolver, mas que contribuiriam para melhorar a qualidade de vida dos residentes.

Fiquem com uma vista geral da freguesia, que eu já volto.