02 outubro 2005

Campanha (II)

Aos sábados de manhã, há sempre muita gente no Mercado de Altura e suas imediações . Ontem, o ambiente não fugia à regra. A única diferença era a presença das comitivas do PSD e do PS, em campanha eleitoral. A única diferença, não: as conversas também eram diferentes. No Mercado, no café, ou na papelaria, falava-se de eleições, e o tom geral era o mesmo. Descrença generalizada, e a convicção de que não haverá alteração na qualidade de vida dos munícipes. Qualquer dos dois partidos tem exercido "o poder" camarário ao longo dos anos, de forma rotineira e cinzenta.

De acordo com a maior parte das opiniões, o actual presidente e recandidato pelo PSD, dá-nos mais do mesmo: faz um extenso rol de promessas. No fundo, a repetição das que foi feito há oito e há quatro anos.

O candidato do PS foi vereador e braço direito do último presidente da Câmara eleito pelo PS. Ao que me dizem, sem que se tenha notado nada de relevante na sua acção.

Mais do mesmo, portanto, seja quem for o eleito. Apesar disso, parecia haver uma tendência no sentido de dar outra oportunidade à candidatura do PS, o que me surpreendeu, porque os observadores "qualificados" apontam para uma vitória sem problemas do actual presidente.

Do que ouvi, concluí que para além de muita indiferença, há um enorme cansaço. E, nalguns, um desejo de mudança, ainda que só pela mudança. Mais do que a crença de que elegendo o engenheiro Domingos as coisas melhorarão.

Afinal ao longo de todos estes anos, ninguém foi capaz de resolver o problema que mais afecta a população de Altura: a remoção da malfadada ETAR.



Para quem não conhecer, eu explico.

A ETAR fica situada na principal avenida da freguesia e encontra-se rodeada de moradias e prédios de apartamentos. O cheiro que deita é nauseabundo, além de ser um viveiro de mosquitos que infestam toda a localidade.



Há meia dúzia de anos, no mês de Agosto, apertado pelos moradores revoltados, e diante das câmaras da TVI, que compareceu no local, o presidente da Câmara reconheceu o óbvio: a razão que assistia às pessoas, garantindo que no Verão seguinte o problema estaria resolvido. Promessa de político mentiroso, claro (acaba de poisar um passarinho no meu ombro soprando-me que "político mentiroso" é um pleonasmo. Será? Duvido. No meio de tantos milhares de políticos, profissionais ou nem tanto, há-de haver algum que diga a verdade. O facto de eu não o conhecer é, por certo, fruto do acaso).

O povo desta terra nem sequer é muito exigente, pelo que dispensa as longas listas de promessas de qualquer dos candidatos. Nós, tal como eles próprios, sabemos que cumprir todo aquele chorrilho de utópicos projectos é impossível. Contentamo-nos com pequenas coisas.

Por exemplo, há três dias atrás, dava um dos meus passeios, quando ao passar na rotunda junto ao restaurante Bata-Que-Eu-Abro (passe a publicidade, de que eles não precisam), vi que alguém tinha colado num dos contentores de recolha do lixo uma folha A4, na qual pedia/sugeria/reclamava: "CHEIRO MAL! POR FAVOR LAVEM-ME".

Quando, hoje, por lá passei, a folha tinha sido arrancada - provavelmente pelo pessoal que faz a recolha - mas o contentor, como acontece com todos os contentores de lixo de Altura, que nunca devem ter visto água , continuava sujo e a deitar o pivete do costume. Qualquer Serviço, de qualquer Câmara que se preze e respeite os munícipes, procede à lavagem regular de contentores. Por muito cuidado que haja (e reconheço que cá, como em muitos outros locais, há quem despeje o lixo directamento do balde para o contentor), ao fim de algum tempo acumulam-se resíduos, com o mau cheiro e as nuvens de moscas.

Subscrevo o apelo do referido morador: POR FAVOR, LAVEM OS CONTENTORES DE VEZ EM QUANDO!



Outra coisa simples de resolver, consiste na mudança dos contentores que se encontram na Rua D. Dinis, em plena faixa de rodagem, com todos os perigos que a situação acarreta. E não seria difícil. Os contentores colocados junto ao hotel Azul Praia (de que junto fotografia), podem ser deslocados para o outro lado da rua, onde seriam feitos os necessários recortes, pois o passeio tem espaço mais do que suficiente para o efeito. Quanto aos contentores que se encontram mais adiante, no sentido da Av. 24 de Junho, ser-lhes-ia aplicada a mesma medida. Se o passeio é suficientemente largo para servir de estacionamento à camioneta de um morador, que não está para se maçar a estacioná-la no espaço que possui na sua moradia, também o é para fazer os recortes.



Isto são apenas dois exemplos, que nem sequer constituem um ovo de Colombo. Basta actuar com bom senso, em vez de desperdiçar tempo e dinheiro com ninharias inúteis e acintosas.

Como, por exemplo, remover meia dúzia de pequenas rampas de acesso para carros, que não incomodavam ninguém (ver post de 27/07/05). A não ser alguém que, eventualmente, sofra da síndrome do "Aqui quem manda sou eu"!

Mas para esses também já há tratamento.

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