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Hoje, primeiro dia de 2014, às oito e meia, o nevoeiro cobria Altura. A cerração era tão densa que não permitia a visão para além de poucas dezenas de metros.
Não pude deixar de fazer uma analogia com a situação em que nos encontramos. Também nós, filhos de um deus menor, por obra e graça da incompetência, ou da má fé, de políticos que parecem estar a mando dos "grandes" financeiros, nacionais e internacionais, começamos o ano envoltos num manto de nevoeiro (ou será de uma absoluta escuridão?), que, fechando-nos os horizontes, nos impede não só de lobrigar o futuro, mas também de prever o que nos vai cair em cima, no próximo mês, ou mesmo na próxima semana.
Mas, mansos, continuamos a aguentar, como dizia o sábio banqueiro Ulrich, a quem pica a cevada na barriga, de tanta fartura que tem.
De tal modo, que, como previam recentemente algumas sumidades nacionais, não há o perigo de o povo, sereno, se sublevar.
(Foto da Internet)
Deviam ser mais prudentes e, se conhecessem a história do burro do Zé Sardinheiro, talvez pensassem duas vezes.
O Zé Sardinheiro ganhava a vida calcorreando pequenas localidades a vender sardinha e outros peixes baratos, que carregava no seu burro.
Ora, numa manhã em que ia enchendo os cabazes colocados nas cangalhas, ao atirar uma última sardinha, o animal não suportou o peso e caiu, perante a surpresa do Zé, que se saiu com esta: "Atão o raio do burro já na pode cuma sardinha?!!!|"
O pior é que ao aliviar a carga do burro, este se levantou e pregou uns valentes coices no Zé, que foi parar ao hospital com uma perna partida, e várias nódoas negras, menos graves.
Tal como quem manda neste protectorado, que já foi um país independente, ignora que é impossível aguentar tudo, o Zé não sabia que a capacidade de o burro aguentar a sobrecarga, tinha limites. E pagou por isso.
Talvez fosse conveniente que também quem nos sobrecarrega pensasse duas vezes antes de continuar a aumentar a nossa carga.
É sempre de bom aviso ter cuidado com os mansos. Que raramente aguentam tudo!