Ontem, no noticiário das 8 horas, ouvi uma jornalista da Antena 1 a debitar uma tese muito cara aos nossos governantes. Informava-nos a senhora que, e cito, "o Tribunal Constitucional empurrou o Governo para o plano B (...)", levando-o uma vez mais a assaltar os bolsos, já de si vazios, dos reformados.
Suponho que a senhora jornalista nem se tenha dado ao trabalho de editar a peça que, eventualmente, terá recebido directamente de um dos múltiplos assessores governamentais que comem do pote que todos nós enchemos, com os assaltos de que vamos sendo vítimas.
Dado que o pivot do referido noticiário não identificou a senhora, não sei se será uma profissional experiente, do que duvido.
Ao fazer a afirmação acima referida, o que a jornalista fez foi responsabilizar o referido Tribunal por mais este golpe de mão à nossa bolsa. Sucede que os juízes se limitaram a zelar pelo cumprimento da Lei Fundamental portuguesa, corrigindo, mais uma vez (quantas foram já?) o procedimento incompetente e ilegítimo de um Governo decidido a empobrecer-nos.
Na realidade, ao legislar com os pés foi o Governo, acolitado pela sua maioria parlamentar, que não deixou outra alternativa ao Tribunal se não decidir pela declaração de inconstitucionalidade da Lei. Por unanimidade, sublinhe-se.
Finalmente, se a senhora jornalista é digna de censura por ter dado a entender (fazendo figura de ingénua útil ou não), aos seus ouvintes de que o erro era do Tribunal, não merece menos crítica quem tinha a responsabilidade pela edição do noticiário. Ou por omissão, não se dando ao trabalho de se informar previamente do iria "sair", ou, o que seria mais grave, por conivência deliberada.
Eu sei que nos tempos difíceis por que (quase) todos passamos é preciso garantir "o pão nosso de cada dia". Para alguns, se isso implicar ter de tornar a coluna vertebral mais maleável, ou mesmo porem-se de cócoras, porque não?
Como dizia o outro, é a vida!
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