O título deste post, correspondde ao da última crónica de Vasco Pulido Valente no PÚBLICO, que a seguir transcrevo, parcialmente (os destaques a negrito são meus):
(...) Os partidos tomaram conta do Estado e puseram o Estado ao seu serviço. Os partidos sufocam e roubam o país. Muito bem. Mas como se vão reformar os partidos? Cortando as cabeças mais visívelmente nocivas? Marques Mendes tenta agora fazer isso. Parece que Isaltino, o impensável Valentim e algum peixe miúdo irão ser removidos para outras paragens. Só que este acto de higiene, em si mesmo louvável, não resolve a coisa. Há muitos Valentins pelo PSD, milhares deles, que não se agitam nem aparecem na televisão, Valentins discretos, quase anónimos, formiguinhas que tratam de si em grande sossego, sem abrir o bico, e contra esses Marques Mendes nada pode.
(...) Uma segunda escola filosófica vê a raiz do problema nas "Jotas" (para o leigo as "Juventudes": a JS, a JSD e congéneres). As "Jotas", dizem, são um viveiro de maldades. Caçam criancinhas na sua tenra idade e as criancinhas deixam de estudar para crescer entre a intriga, a calúnia e a manobra, até chegarem à Câmara do sítio ou a S. Bento e daí saltarem, já facínoras de carreira, a uma Secretaria de Estado ou a um Ministério. Abolir as "Jotas" fechava a torneira da peçonha. Infelizmente não fechava, dava por inteiro ao pai, ao tio, ao primo e ao cacique, principalmente ao cacique, a escolha do pessoal partidário. A Máfia nunca teve problemas de recrutamento. Os partidos também não teriam.
Existe, é claro, (...) a solução perfeita: o círculo uninominal (...). O círculo uninominal produziria deputados com uma verdadeira ligação ao povo (...). E esses deputados transformariam os partidos. Não transformavam (...) porque nesta ditosa Pátria nossa amada do círculo uninominal brotaria logo uma generosa torrente de Isaltinos, de Valentins, de Jardins, de Ferreira Torres. (...) Com o círculo uninominal, Marques Mendes, coitado, enlouquecia.
A maior parte das crónicas de Vasco Pulido Valente, padecem de uma enorme arrogância, da sobranceria de quem se sente iluminado, muito acima do comum dos mortais, a quem por vezes crítica com algum desfastio, mas claramente sem ilusões.
Desta vez o homem acertou na mouche. Não que isso nos valha de muito. Infelizmente os caciques vão continuar a cacicar.
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